Criar uma Loja Virtual Grátis



Partilhe esta Página



Total de visitas: 4082
Ciência & Tecnologia
Ciência & Tecnologia

lhc

CIENTISTAS SE PREPARAM PARA LIGAR A MÁQUINA DO FIM DO MUNDO

(Ricardo Capiberibe)

 

Com esse título um tanto sugestivo que em 2008 - quando eu ainda fazia cursinho para prestar vestibular para Física - que a Imprensa choveu de anúncios que os cientistas iriam ligar o maior acelerador de partículas do mundo: o LHC, sigla em inglês de Large Hadron Collisor (Grande Colisor de Hádrons), e, també, que esta máquina poderia destruir todo mundo. Esta informação se espalhou pelo mundo e tamanha foi a  repercussão que até uma jovem indiana de 16 anos, Chayyam, escolheu ao suicídio a ter que ver o mundo que tanto amava ser destruído pela ambição dos cientistas.

Ouvindo meus colegas de cursinho conversarem sobre essas notícias sensacionalistas eu, bloqueado pela minha timidez, pensava: mas o que afinal de contas é  um acelerador de partículas? Por que ele é tão perigoso? Os cientistas não percebem o que estão prestes a  fazer?

Indo ao ponto: a verdade é que a experiência foi bem sucedida e o nosso mundo continua em pé. O problema é que neste ano, 2015, os cientistas pretendem realizar novas experiência, e, desta forma, mais uma vez, os boatos sobre uma tal “Máquina do Fim do Mundo” ganham força. Mas será mesmo que temos algo a temer? Venha comigo!

 

O QUE É UM ACELERADOR DE PARTÍCULAS?

Aceleradores de partícula são grandes túneis circulares que tem, como o próprio nome diz, por objetivo acelerar feixes de partículas pesadas, como os prótons e nêutrons, que em Física são chamadas de Hádrons. À medida que estas partículas ganham velocidade, elas também ganham energia. Depois de várias voltas, elas atingem uma certa energia e então essas partículas energizadas são postas para colidir com outras partículas.

O que acontece quando jogamos com bastante vigor um copo em uma parede? Provavelmente ele quebrerá em vários pedaços. A ideia do colisor é justamente essa: quebrar o Hádron em vários pedaços e, analisando esses fragmentos, descobrir do que a matéria é feita.

Usando aceleradores, os cientistas puderam testar ideias e descobrir novas partículas. A experiência de 2008 tinha como objetivo detectar uma partícula hipotética, prevista em teoria, chamada de Bóson de Higgs, que de fato foi encontrada em sucessivos experimentos.

Agora, em 2015, mais precisamente em Maio, os cientistas querem iniciar uma série de novas experiências para estudar alguns dos mistérios da Física: a composição da tal Matéria Escura e partículas exóticas, chamadas de s-partículas, previstas pela Teoria das Cordas.

A pergunta que fica é: quais são os riscos?

 

O LHC É PERIGOSO?

Se o objetivo é só quebrar a matéria e estudar seus pedacinho, que risco há nisso? O mundo das partículas é regido por um conjunto de leis bizarras que fazem parte da Mecânica Quântica. Partículas atravessando barreiras, um mesmo elétron estando em vários lugares ao mesmo tempo são só algumas da esquisitices quânticas.

Segundo essa tal teoria quântica, o espaço vazio não é vazio, mas é uma sopa de partículas invisíveis chamadas de virtuais. Essa partículas podem vir a se tornarem detectáveis, ou como os físicos dizem, podem se tornar reais se uma quantidade de energia for dada a elas.

Entre essas partículas virtuais estariam os chamados Buracos Negros Quânticos. Esses acidentes exóticos da natureza estão ao nosso redor, mas não podemos percebê-los porque são virtuais, a única maneira deles aparecerem seria ganhando muita Energia.

É nesse ponto que reside toda a confusão: a princípio é possível que o LHC gere uma quantidade suficiente de energia para que um partícula virtual ou um buraco negro quântico dê as caras.

Os Buracos Negros se popularizam entre os leigos como grandes aspiradores espaciais, que saem pelo Universo engolindo tudo. Sim, Buracos Negros exercem uma atração tão intensa que, em um certo limite, chamado de Horizonte de Eventos, nem mesmo a luz, a coisa mais rápida que conhecêssemos, consegue escapar, e daí seu nome. E de fato, quando eles engolem matéria, podem engolir planetas e estrelas, e até, pasme, outros Buracos Negros,  se tornando  maiores, podendo crescer indefinidamente, porém Buracos Negros não são monstros destruidores de mundo, isso só acontece se nos aproximarmos muito.

Se mantivermos uma distância segura o Buraco Negro funciona como uma estrela, só que sem brilho, fazendo que tudo gire a sua volta, aliás, nosso sistema solar está fazendo isso justamente agora, girando ao redor de um Buraco Negro com milhões de massas solares que fica no centro da nossa Galáxia. Não se preocupe, não fomos sugados e não seremos.

E o que acontece se um Buraco Negro Quântico surgir? Será que ele vai começar a engolir matéria e sugar nosso planeta inteiro? A resposta é: Não. Não vai acontecer nada. Se um Buraco Negro Quântico aparecer, antes que ele absorva matéria, ele irá sumir por um processo conhecido como Mecanismo Hawking de Evaporação.

O físico Stephen Hawking descobriu que Buracos Negros evaporam emitindo radiação e  perdendo massa, quanto menor o Buraco Negro, mais rápido ele evapora. Então um Buraco Negro Quântico teria uma duração tão pequena, que talvez nem conseguiríamos detecta-lo.

E se a teoria estiver errada? Para começo de conversa se o Mecanismo Hawking não estiver correto, então os Buracos Negros Quânticos não devem existir, assim não temos com que se preocupar, uma vez que eles não poderiam ser gerados.